domingo, 16 de agosto de 2009

Capítulo I, Uma Reflexão

A viagem prosseguia enquanto ele observava as paisagens do sul. Admirado com o verde dos campos, visualiza um pequeno açude, enquanto inicia uma reflexão a fim de entender as forças que agiam sobre a água que lá se encontrava:

- "Vamos começar pelo primordial, a gravidade. A gravidade age sobre a água fazendo-a permanecer no chão e, se assim as condições do terreno proporcionarem, escorrer. Assim fora também, segundo a Bíblia, quando o Senhor expulsou nossas 'matrizes' Adão e Eva do Paraíso, ordenando-os a se arrastarem pela Terra.
Estando a água no solo - já por ação da gravidade - a tendência do líquido é esparramar-se até atingir forma irregular e constante. Ou até encontrar barreiras que a contenham, essas podem ser uma jarra, um copo, um reservatório e no caso analisado, o limite do açude. Pois assim somos nós, humanos. Geramos cópias de nós mesmos espalhando-nos por todos os cantos da Terra. E assim o fizemos, e assim o fazemos e assim o faremos... até encontrarmos um limite, como o copo ou as paredes do açude. Ou será que já o encontramos?
Tornando à análise da água, se o líquido continua fluindo ou tem mais volume acrescentado, após o encontro com o limite do açude, o monóxido de dihidrogênio tende a sobrepor-se, acomodando-se por cima de si mesmo. Como quando servimos água em um copo: ela cai no fundo do copo, esparrama-se sobre ele e, assim que encontra o limite do mesmo, passa a acomodar-se ascendentemente. Eis o porquê de o copo transbordar! Sem mais delongas, assim como a água é o homem. Após milênios procriando e espalhando-nos sobre a superfície da Terra com nosso inventos, nossas destruições, modificações no nosso planeta e afins; passamos a acomodar-nos uns por cima dos outros, como em apartamentos: presume-se que não haja mais espaço sobre a superfície da Terra para acomodar tantos seres humanos, assim criamos nossa própria superfície, sobrepondo uns aos outros.
Pois bem, a água cai, escorre, encontra um limite e, dependendo da forma de seu invólucro, sobrepõe a si mesma. E se o líquido continuar aumentando o seu volume? Na visão do açude que originou essa reflexão, havia um limite vertical, uma margem, a superfície do pequeno lago, onde a água findava sua expansão.
Mas, e se fosse adicionada mais água ao açude? Se ultrapassarmos o limite do copo ao servi-lo com água?
Pois assim é o homem. Conclui-se que as mesmas forças que agem sobre a água, agem sobre nós."

E então, vamos esperar o nosso açude transbordar?


PeNsE!
Abraços!